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Não desista do deserto!

  • comunica42
  • Sep 24
  • 8 min read

Texto-base: Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. O tentador aproximou-se dele e disse: "Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães".

Mateus 4:1-3


A. Introdução


Ao ser batizado no rio Jordão, Jesus é conduzido pelo Espírito Santo para o deserto com um propósito um tanto quanto esquisito: ser tentado pelo diabo. Esse era um evento importante antes do início do seu Ministério Público. Jesus seria testado diversas outras vezes, com essas tentações se repetindo de diversas formas e era preciso obter vitória aqui primeiro.


Entretanto, há uma grande provação anterior, a de sair dos desertos que o próprio Espírito direciona, que se reflete também em nossa vida. Somos tentados a transformar pedras em pão e, dessa forma, abandonar as faltas que sentimos nesses períodos. Por diversas vezes ouvimos uma voz nos chamando para fora do deserto, mas é a voz de diabo e não de Deus, nos dando estratégias para nos livrarmos dessa “tribulação”. Parece contraditório o diabo querer nos tirar do deserto e Deus querer que a gente permaneça lá. Nós não somos filhos amados do Pai? Por que passar por isso?


B. Qual a nossa Verdadeira Identidade?

Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento os céus se abriram, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: "Este é o meu Filho amado, em quem me agrado".

Mateus 3:16-17


Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus,

João 1:12


Muitos de nós não tivemos pais que nos afirmasse, o que gerou uma sociedade cheia de pessoas buscando aceitação, afirmação e amor. Infelizmente, há aqueles que receberam o contrário disso. Jesus ouviu a voz do Pai derramando Seu amor por Ele. Quando o Deus vivo olha para nós, cada cristão batizado e convertido, Ele nos diz o que disse a Jesus naquele dia. Ele nos vê não como somos para nós mesmos, mas como somos em Jesus Cristo. Se começarmos a caminhada achando que quem está conosco é um pai tirano, raivoso e ameaçador, pronto para berrar conosco a qualquer deslize, sucumbiremos no primeiro sussurro da tentação. Estaremos inseguros, com medo e impotentes.


Quando os céus se abriram para Jesus é como se uma nova realidade ou dimensão se abrisse para os presentes ali. Boa parte da fé cristã é viver através dessa realidade diferente quando não conseguimos enxergá-la. Na maior parte do tempo andamos pela fé e não pela visão.


C. Qual a Tentação?

Satanás sempre irá tentar pegar uma palavra que recebemos do Senhor, distorcê-la e nos dar uma ação sugestiva de algo atrativo aos nossos olhos. Ele não quer só que pensemos errado sobre Deus, mas quer nos levar a agir de forma também errada, pecaminosa. Foi assim com Eva e ela caiu. Foi assim com Jesus e Ele não caiu.


Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. O tentador aproximou-se dele e disse: "Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães".

Mateus 4:1-3


Para tentar nos enganar, Satanás nos apresenta formas de usarmos nossa filiação para transformar pedras em pão e desistir do deserto. “Se você e o Filho de Deus…” Jesus havia acabado de ouvir essa afirmação do próprio Pai e a proposta de Satanás parte diretamente dela. Parece audacioso, mas é nessa sutileza que muitos caem. Entrar no deserto significa entrar no caminho da Cruz, do negue-se a si mesmo, deixar os ídolos para trás. Contudo, esses se recusam a entrar no deserto para não perderem o que os tornam tão confortáveis. Mas, a idolatria rouba a nossa verdadeira identidade. Aquilo a que contemplamos se torna a referência de quem estamos nos tornando. Como diz o salmista, “tornem-se como eles [os ídolos] aqueles que os fazem e todos os que neles confiam” (Sl 115:8). Como eles, semelhantes, iguais. Lucas exemplifica isso bem nas duas histórias a seguir. 


Certo homem importante lhe perguntou: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?"

"Por que você me chama bom? ", respondeu Jesus. "Não há ninguém que seja bom, a não ser somente Deus. Você conhece os mandamentos: ‘Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’".

"A tudo isso tenho obedecido desde a adolescência", disse ele.

Ao ouvir isso, disse-lhe Jesus: "Falta-lhe ainda uma coisa. Venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois venha e siga-me".

Ouvindo isso, ele ficou triste, porque era muito rico. Vendo-o entristecido, Jesus disse: "Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus! De fato, é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus".

Lucas 18:18-25


"Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Em vez disso, os cães vinham lamber as suas feridas.

"Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado. No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. Então, chamou-o: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo’.

"Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento. E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem’.

"Ele respondeu: ‘Então eu lhe suplico, pai: manda Lázaro ir à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento’.

"Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam’." 

‘Não, pai Abraão’, disse ele, ‘mas se alguém dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam’.

"Abraão respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos’".

Lucas 16:19-31 


Um dos recursos literários que aparece com frequência nas Escrituras é a omissão do nome de determinado personagem como forma de mostrar a reprovação de Deus, principalmente quando surge um outro personagem com nome em contraste, como em “o rico e Lázaro”. Esses dois ricos são exemplos de pessoas que se recusaram a entrar nos desertos. Abrir mão de suas posses significaria depender totalmente de Deus. Reter suas posses significaria continuar independente de Deus. Entretanto, enquanto eles acham que são eles quem estão possuindo os bens, na verdade, são os bens que os possuem. Suas identidades se tornaram suas riquezas.


D. Qual o Chamado? 

Há, porém, um personagem rico no texto que Lucas fez questão que soubéssemos seu nome.


Jesus entrou em Jericó, e atravessava a cidade. Havia ali um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos publicanos. Ele queria ver quem era Jesus, mas, sendo de pequena estatura, não o conseguia, por causa da multidão. Assim, correu adiante e subiu numa figueira brava para vê-lo, pois Jesus ia passar por ali.

Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e lhe disse: "Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje". Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria.

Todo o povo viu isso e começou a se queixar: "Ele se hospedou na casa de um ‘pecador’ ". 

Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: "Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais".

Jesus lhe disse: "Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido".

Lucas 19:1-10


Esse texto não é sobre salvação por obras, mas evidência de salvação. Zaqueu creu em Jesus e seu coração foi transformado. Sabemos disso pelo resultado. Sua ação de doar metade dos seus bens e devolver quatro vezes mais de quem ele roubou com certeza o deixaria pobre (ou pelo menos bem menos rico do que ele era). Boa parte de sua riqueza foi construída roubando as pessoas. Cobradores de impostos cobravam taxas a mais e esse “lucro” ficava com eles. Mas, Zaqueu decide entrar no deserto pela condução do Espírito, deixar o ídolo da riqueza para trás e viver tudo que Deus tinha para ele.


porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.

Romanos 8:14


Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.

Gálatas 5:24-25 


O Deserto é um lugar de purificação. O tempo de deserto é fundamental para o amadurecimento na vida com Deus. São tentações que se repetirão inúmeras vezes ao longo da nossa vida e, antes de partir para um próximo passo, precisamos vencê-las. Abandonar o deserto pode significar travar na caminhada, abraçar o velho homem.


“O jejum do deserto do pastor [ou de todo servo de Deus] é continuar vivendo no deserto, sob as condições dele, recusando transformar pedras em pão” (HANSEN, 2001)¹. É viver com aquilo que é providenciado, partilhar com alegria daquilo que aparece pelo caminho, permitir que o Senhor supra todas as nossas necessidades. Esse jejum é uma necessidade para a vida cristã porque nos treina no amor e nos ensina obediência através do sofrimento (Hb 5:8). Ele também nos força a aprender que Deus nos provê com todo nosso pão diário, para que possamos estar contentes em toda e qualquer circunstância, e não ter que tomar o controle de nossa própria vida e destino. Naturalmente isso faz-nos sentir como se fossemos morrer. Logo queremos desistir. Mas, tudo podemos naquele que nos fortalece! 


Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.

Filipenses 4:11-13


Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’".

Mateus 4:4


“Jesus nunca galgou nenhum degrau de sucesso do primeiro século. O diabo o mostrou muitos. O povo insistiu que Ele subisse. Mas Ele desceu. Cada vez mais se humilhou” (HANSEN, 2001). Ele tinha o poder de transformar pedra em pão, mas não o fez. E a minha oração é para que eu também não o faça e que você, que está lendo esse texto, também não. Abrace o deserto com tudo que ele tem para te oferecer. Não desista do deserto!


E. Oração Final

Ensina-me, Senhor, a orar a minha sede

a pedir-te não que a arranques de mim ou a resolvas [depressa]

mas amplies ainda

naquela medida que desconheço

e que apenas sei que é a tua!


Ensina-me, Senhor, a beber da própria sede de ti

como quem se alimenta mesmo às escuras

da frescura da nascente


Que a sede me torne mil vezes mendigo

me ponha enamorado e faça de mim peregrino

Que ela me obrigue a preferir a estrada à estalagem

e o aberto da confiança ao programado do cálculo


Que esta sede se torne o mapa e a viagem

a palavra acesa e o gesto que prepara

a mesa onde partilhamos o dom


E quando der de beber aos teus filhos seja

não porque tenha a posse da água

mas porque partilho com eles o que é a sede


A oração da sede - José Tolentino Mendonça 


¹ HANSEN, David. A Arte de Pastorear: Um Ministério sem Todas as Respostas. 2ª Edição. São Paulo, SP: Shedd Publicações, 2001. Original em inglês: The Art of Pastoring: ministry without all the answers, InterVarsity Press, EUA, 1994; trad. Hope Gordon Silva 


 
 
 

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